Infelizmente
cada dia que passa, cresce o número de crianças que vivem uma vida de adulto.
Trabalho há 3 anos entre educação infantil e ensino fundamental I, e já
presenciei cada fato que me deixa frustrada e indignada. Ano passado, enquanto
trabalhava com uma turma de educação infantil, uma garota, que tinha 3 anos,
foi para o parque da escola, junto com seus colegas para desfrutar de um
momento de lazer, um fato comum na rotina da escola.Nesse dia, esta menina veio
correndo em minha direção e gritava muito, primeiramente pedi para que ela se
acalmasse para que eu pudesse vir compreender o que estava passando, até que
ela conseguiu expressar que queria sair daquele espaço porque estava “estragando”
as suas unhas que ela havia feito no dia anterior no salão.Esta mesma criança,
em um outro dia, já havia lutado para não fazer educação física, e ao ser
indagada os motivos, a mesma afirmou que era para não suar e estragar a escova
feita também nesse salão.
Foi
uma criança que tivemos que trabalhar ao longo do ano para minimizar os valores
que estavam sendo transmitidos para ela em casa, entretanto ao ser informado
para a família dos malefícios que estavam causando essa valorização da beleza,
a mãe se frustrou e nos informou que ela só deixava porque notava a filha dela feliz.
Esta mãe não percebeu que a criança adorava isso porque era uma das formas de
se aproximar da mãe, ter um tempo com ela, mesmo que sejam algumas horas no
salão, em alguns dias, esse era o contato mais próximo que elas tinham.
Outro
ponto que também é bastante delicado é a questão de acesso à internet e meios
eletrônicos. Não estou aqui dizendo que a criança não deve usar, afinal vivemos
a era digital, mas quero abordar a questão de horas dedicadas a estes aparelhos
eletrônicos assim como o conteúdo acessado. Contando um pouco da minha
experiência no ensino fundamental I, posso apontar a internet acessada de forma
indevida e sem controle.Vejo meus alunos cantando músicas, paródias que tem um
conteúdo completamente inadequada para a idade dele, pois envolve palavras de
baixo calão, pornografia e entre outros.Sempre indago a origem do aprendizado
dessas músicas e a resposta quase sempre a mesma “Tia, eu vi na internet”.
Quero
alertar aos pais e educadores sobre os malefícios dessa adultização precoce,
devemos sim incentivar os cuidados com o corpo, saúde e higiene, mas não
implica em incentivar o uso de maquiagens, saltos ou roupas de
adulto.Psicopedagogos nos demonstram que as crianças que não vivem as fases da
fantasia, que não tem a imaginação estimulada, tem grandes chances de virem a
ser adultos imaturas e durante essa fase vão querer vivenciar tudo aquilo que
não teve acesso durante a infância.Além do mais, o risco de se tornarem
consumistas e egoístas também são grandes.Portanto, vamos deixar que vivam cada
fase e educar com amor e respeito as etapas da vida do ser humano.